quarta-feira, 4 de julho de 2007

14º Dia: Alegoria do Caldeirão Fervente (IV)

Entoe as trovas
perante as trevas!
Cante a morte e
poetise a água que cai do céu!
Alguns morrem para vida dar;
outros morrem para evidenciar
as falsas verdades em que teimam os condenados acreditar.

E depois do silêncio-estático,
do silêncio-mudo-ensurdecedor
perante as verdades
(sim, as falsas verdades!)
da velha que jazia no barro
(do barro veio e ao barro voltará),
para o concerto da cena mítica encerrar,
os loucos,
aqueles engaiolados-despirocados-surdos
insanos-desmentidos-perdidos,
desvencilhados das amarras do ferro e da vida,
em fila indiana,
os braços erguidos (oh!),
a água caindo,
o caminho em direção à velha.
Ao ponto:
o corpo rígido erguido ao céu.

Entoe as trovas
perante as trevas!
Cante a morte e
poetise a água que cai do céu!

E saem os três aloucados,
recitando verdades ininteligíveis,
carregando a morte,
os olhos ainda abertos,
a água caindo forte,
a sina do cumprimento da verdadeira missão diplomática da freguesia:
entregá-la aos deuses do céu.
Em tempo.

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